considerações sobre harmonia…

22 março, 2008

Outro dia estava conversando com o Álvaro, um amigo que também estuda design (ele foi o criador da comunidade sobre cores mais interessante que havia no orkut, mas que de repente sumiu…). Como ia dizendo, o Álvaro conversava comigo sobre o fato da harmonia entre cores complementares não ser confortável de ser observada. Para provarseu arguemento, ele me mostrou o exemplo do xadrez verde e vermelho do meu próprio blog. 

 para minha infelicidade ele tinha absoluta razão. Eu  acho que não consegui responder com clareza naquele dia. Eu bem que tentei enrolá-lo para ganhar tempo enquanto procurava desesperadamente a resposta no google, mas nada. Então fui em busca dos bons e velhos textos, livros e mesmos artigos desse blog para responder. 

 Brincadeiras a parte, a resposta que consegui formular é a seguinte:

– o  xadrez verde em vermelho é sim harmônico, pois é o exemplo mais simples de contraste tons complementares. É importante notar, ainda que ele respeita a proporção sugerida pelo contraste por extansão .

– No contraste complementar  os tons são opostos e estão o  mais distantes possível entre si (são diametralmente opostos na roda de cor). 

– é uma característica dos tons complementares que um tom realçe o outro. Por isso, ele é recomendado quando se deseja chamar a atenção, criar um senso de vividez e movimento entre elementos. 

– Entretanto há um risco em se colocar tons complementares  lado a lado. digamos que esse contraste é um tanto duro, praticamente um soco no olho. Isso as vezes proporciona alguns problemas ( ver questão 6) .

-é por causa desses efeitos colaterais resultantes do uso de tons complementares lado a lado, que raramente  se observa esse contraste  assim de maneira “seca”, sem a presença de tons intermediários que permitam uma transição mais suave para o olho, principalmente nos trabalhos de grandes artistas. 

– A presença de tons intermediários entre aqueles que são opostos,  reduz a intensidade do contraste ( basta notar que são pontos mais próximos na circunferência da roda de cores se comparados aos pontos diametralmente opostos dos tons complementares).

Conclusão: o famigerado xadrez rubro-verde, é harmônico em seu conjunto, mas extremamente incomodo quando observado por elementos separados.  Por mais que pareça contraditória, essa resposta justifica a necessidade de haver diferentes modos de se alcançar harmonia. 

Esses diferentes padrões se originaram dos tons complementares. Por exemplo, uma tríade, é uma combinação complementar com  um dos pontos deslocados para dois tons vizinhos ( pensando na roda de cores com 12 tons, para ficar mais fácil a compreensão).

rodas-de-cor-harmonia-triade.jpg

é importante perceber que a harmonia se mantém pois o deslocamento é simétrico (na biologia seria uma simetria bilateral, mas não sei se esse nome cabe aqui). Essa simetria se mantém mesmo quando há a formação com 4 tons, no caso os dois tons complementares são deslocados ( seria uma simetria radial, os eixos passam pelo centro da circunferência).

De acordo  com esses deslocamentos simétricos, seria até possível justificar graficamente a existência dos contraste análogos e  monocromáticos. nesses padrões de contraste  a distância  entre os tons seria reduzida ao máximo, o que resultaria em contrastes com pouca vividez, entre tons muito semelhantes.

o que vocês acham? fui claro? faz sentido?


um breve adendo

22 setembro, 2007

“- Doutor o que posso fazer para meus dentes ficarem mais brancos?
– Tente usar uma camisa preta.”

Essa piadinha está presente em um texto* que estou lendo sobre comportamento do consumidor e me chamou a atenção para um conceito importante que eu ainda não havia falado aqui no blog, que é chamado no texto de “percepção por contraste”.  Como temos visto, o contraste é essencial na percepção das cores e seus efeitos.

 Esse tópico pretende mostrar um efeito que ocorre quando se faz qualquer tipo de comparação. Uma característica ( tangível ou intangível) de um corpo, será sempre reforçada quando for contrastada com a cararterística de outro corpo”.

Assim, uma pessoa feia parecerá mais feia, se comparada com alguém considerada bonita.

Passando isso para as cores…

contraste-comparacao.jpg

um  mesmo quadrado cinza parecerá mais claro, quando colocado em meio a um fundo escuro e mais escuro quando colocada diante de um fundo branco. Isso também serve para intensificar os outros tipos de contraste, não apenas entre claro e escuro.

Conhecer esse princípio ajuda muito  quando se quer dar ênfase a algo e ajuda, como sempre, a prever alguns efeitos indesejados.

Por falar em efeitos indesejados, olhe como nosso cérebro é enganado nessa imagem. Os quadrados A e B possuem exatamente a mesma cor,

 

O cérebro tenta interpretar os quadrados como eles são em um tabuleiro, ou seja, com alternância entre claros e escuros. Por isso “não aceita” que os quadrados “A” e “B” sejam da mesma cor, além disso o  quadrado “A” está envolvido por quadrados mais claros, enquanto o “B” por mais escuros, o que faz suas características serem reforçadas.

esse exemplo foi feito por Edward H. Andelson e em seu site existem vários outros estudos de percepção.  

*Cialdini, R., 1993. Influence  Science and Pratice.


Pontilhismo, uma nova maneira de misturar as cores.

9 julho, 2007

no fim do século XIX o desenvolvimento de teorias psicológicas e  fisiológicas gerou  um certo tipo de conhecimento que começou a ser usado pelos pintores d. Os impressionistas já pregavam que para se alcançar diferentes tons, as cores não precisariam ser misturadas, mas que poderiam ser colocadas lado a lado em pequenas “porções” e nosso olho se responsabilizaria por misturar as cores e gerar tons intermediários.

Georges Seurat é considerado aquele que iniciou o movimento artístico conhecido como Pontilhismo, em que o uso de cores não sobrepostas iniciado pelos impressionistas foi aprofundado. Em seus quadros, Seurat usava pequenas pinceladas de forma sistemática, distribuindo-as com perfeição na tela  de forma que o observador visse uma tela com  ínumeras e sutis transições entre os tons.

fonte imagem: Wikipedia,
nome do quadro: “Les poseues” (As modelos) de Georges Seurat. Essa não é uma das obras mais conhecidas do autor entretanto é extrememamente interessante, pois há representada no quadro uma outra obra sua, a famosa ” Un dimanche après-midi à l’Île de la Grande Jatte” (uma tarde de domingo na grande Jatte).

O mesmo conceito do pontilhismo é usado hoje tanto em imagens impressas como nas digitais, as cores não são misturadas, mas posicionadas lado a lado de forma que o nosso cérebro as misturem. 

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aqui algumas sugestões de páginas com mais imagens dos 2 grandes ícones do pontilhismos: Seurat e Signac

http://fr.wikipedia.org/wiki/Georges_Seurat

http://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Paul_Signac

e essa página é muito interessante pois é possível ver um quadro de Seurat com bastantes detalhes as pinceladas dele, atente para como ele pinta a moldura.

http://www.dia.org/user_area/zoom/zoom.asp?ZoomifyImagePath=1961_1980_300ppi/70.183 


algumas considerações sobre os sistemas aditivos e subtrativos de cor

7 julho, 2007

A mistura dos tons ciano, magenta e amarelo, em diferentes intensidades, resulta em uma enorme variedade de cores, por isso que esse sistema é usado em impressão por gráficas e impressoras.

Entretanto, a variedade de tons alcançada por esse sistema (CMYK) é menor do que a variedade do sistema RGB de TVs e monitores, por isso é preciso tomar cuidado ao se trabalhar com cores em materiais que serão impressos. Na imagem abaixo, são mostrados o alcance de cor dos sistemas RGB e CMYK dentro do espectro visível de luz (a região colorida).

gamut

Tome cuidado, pois aquilo que é exibido no monitor não é aquilo que será impresso. Por muitos motivos, como a diferença de alcançe do sistema aditivo e subtrativo, a falta de fidelidade do monitor, a regulagem da impressora, a qualidade da tinta, a luminosidade do local em que se trabalha etc. Prometo um dia escrever sobre como evitar esse problema


Síntese subtrativa de cor

6 julho, 2007

No último post, foi mostrado como as cores funcionam pra luz, no sistema aditivo. Agora vou mostrar como funcionam a síntese subtrativa, que ocorre em pigmentos,  tintas e coisas do gênero.  Enquanto na síntese aditiva o que se vê é a luz emitida por um objeto, na síntese subtrativa se vê a luz refletida por ele. Isso muda muitas coisas. 

Para começar, as cores primárias do sistema subtrativo são o ciano, o magenta e o amarelo ( ou azul ciano, vermelho magenta e amarelo, dá no mesmo…). Se você leu o tópico da síntese aditiva, você deve lembrar que esses tons são os tons secundários daquele sistema. Caso não tenha lido,  LEIA!

               
Brincadeira… mas é legal ler só pra saber a origem desses tons.

Como estava falando,  essas cores são primárias pois trabalham como filtros. Um objeto de tom ciano,quando exposto a luz branca (a soma das luzes do espectro visível, formada pelas cores básicas vermelho, azul e verde) absorve a luz vermelha e reflete a verde e a azul. Já um objeto de tom amarelo, absorve a luz azul, e reflete a verde e a vermelha. Por fim um objeto magenta, absorve a luz amarela e reflete a azul e vermelha. Assim, quando o ciano, o magenta e o amarelo são sobrepostos , eles geram o preto, porque os três tons primários da síntese aditiva serão absorvidos ( ao contrário da síntese aditiva em que a soma dos tons primários resultavam no branco). 

esse sistema é chamado de subtrativo pois as cores se formam a partir da subtração de luz,  por isso a soma das cores é o preto. 

Quando se usa os tons primários em intensidade mediana se alcança o cinza. nesse gráfico dá para ter uma idéia como esse sistema funciona:

S�ntese subtrativa de cor

Pra terminar, quando essas cores são misturadas em diferentes intensidades elas conseguem abranger uma grande quantidade de tons. Por isso esse sistema é usado por impressoras e gráficas. é o famoso CMYK. A existência do K (preto) está explicada em breve…


síntese aditiva (as coisas começam a ficar legais)

1 julho, 2007

Enfim, toda a teoria que foi mostrada até agora, vai começar a fazer sentido…
agora vamos partir para algumas aplicações mais práticas e interessantes sobre o uso de cores.

Aqui, será exposto a maneira como as cores funcionam naqueles corpos que emitem luz. O monitor do PC que vc está lendo esse texto agora, é um bom exemplo desse tipo de corpo. Esse sistema é chamado de Síntese Aditiva de cor.

Esse sistema possui como cores primárias o vermelho, verde e o azul. Essas cores são primárias, pois são as cores que nossos olhos “percebem”. A partir delas todas as outras são formadas (para saber mais veja como o olho enxerga as cores). 

o legal desse sistema é que ele é baseado no funcionamento de nosso olho. com certeza se fossemos moscas, ou cachorros, esse sistema teria que ser adaptado.

Nesse sistema a mistura de duas cores sempre resultará em uma cor mais luminosa,  quando se mistura as 3 cores primárias em intensidade máxima, alcança-se o branco. E por fim, nunca se conseguirá misturar diferentes cores e se obter como resultado uma cor primária.

Esse sistema se chama aditivo pois as cores se formam através de soma de luz, por isso a resultante da soma das cores é o branco.

sistema aditivo de cores

Quando se mistura 2 cores primárias, se obtém uma cor secundária. Na síntese aditiva de cor os tons secundários são o ciano (azul + verde), amarelo (vermelho + verde ) e magenta (azul + vermelho).

guarde essa informação porque num futuro próximo usaremos essas cores secundárias.

Os monitores de computador e as Tvs se baseiam nesses conceitos para conseguir formar suas imagens coloridas. Se você tiver uma TV de tubo, chegue bem perto dela e veja como ela é um emaranhado de pontos verdes, vermelhos e azuis. Esse é o famoso RGB (de Red, Green  e Blue).

Depois de tudo isso, acho que é besteira falar, mas quando você for trabalhar com imagens para Web, ou em apresentações em ppt, ou coisas do tipo, lembre-se de deixá-las em RGB.
 


algumas coisas sobre luz

21 junho, 2007

na natureza, não se tem muita escolha ou você emite luz, ou  reflete a luz que alguém emitiu.  Entender essa diferença, por mais óbvia que seja é essencial para se entender melhor as cores… Portanto existem: 

Corpos Luminosos ou fontes primárias de luz: são aqueles que emitem luz, como por exemplo o Sol, as lâmpadas e a televisão.

Corpos Iluminados ou fontes secundárias de luz apenas refletem a luz como por exemplo a lua, um espelho de banheiro e uma maçã.

Quando se olha para um a fonte secundária de luz ( um objeto que não emite luz), o que se enxerga na verdade é a luz que ela reflete.  Esse objeto ira absorver parte da luz que incide nele e refletirá parte dela.  É essa “parte” refletida que nós enxergamos. Assim, um objeto verde só é verde porque absorve todas as cores menos o verde, que é refletido. Um objeto branco é branco porque reflete quase toda a luz que incide nele, enquanto um objeto preto absorve praticamente toda a luz incidente (o preto verdadeiro só existe em caso de ausência total de luz, o que costumamos chamar de preto se trata na verdade de um cinza muito escuro).

  luz pode se propagar nos seguintes meios:

Meio transparente: é aquele que permite a luz passar sem distorções nem perdas sensíveis. Ex: o ar e uma placa de vidro plana.

Meio translúcido: deixa a luz passar mas de forma difusa e com baixa intensidade.Esse meio, permite visualização pouco nítida dos corpos. Ex Papel, vegetal. Vidros foscos.

Meio opacos: absorvem quase toda a luz incidente nele e o pouco que reflete, o faz de maneira difusa. A maioria dos corpos visíveis são desse tipo. Ex: uma parede, um cachorro, uma mesa.


Alguns detalhes interessantes
 
A luz que é absorvida se transforma em calor ( por isso que vestir preto em dia ensolarado não é uma boa idéia, já que ele absorverá quase toda a luz , que por sua vez será transformada em calor).

Mesmo os corpos que são considerados espelhos perfeitos, são imperfeitos pois absorvem uma pequena quantidade de luz. O que diferencia um espelho de banheiro de um objeto branco é que apesar dos dois refletirem praticamente toda a luz incidente, o primeiro a reflete de maneira organizada, com os raios paralelos entre si, por isso consegue formar uma imagem, enquanto o segundo reflete a luz de maneira dispersa.

 


elementos da cor

14 junho, 2007

As cores possuem três características básicas:

Tom: é o que diferencia uma cor da outra. É o que faz o azul diferente do vermelho.

Saturação: é a pureza de uma cor. Quando uma cor é adicionada a outra, essa perde sua saturação, é como se a cor fosse diluída. Por sua vez quando se retira uma cor da outra, essa que sobra se torna mais concentrada. A diluição da cor, ou dessaturação pode ser feita através da mistura dessa cor com o branco, ou o preto, ou o cinza, ou ainda com o seu tom complementar.

Valor ou Luminosidade: é a capacidade de de cada cor de refletir a luz branca que recebe. É a claridade da cor. O amarelo é o tom puro, ou saturado, mais luminoso . O violeta é o tom saturado menos luminoso. 
Os tons podem ter suas luminodades mudadas .Entretanto, isso acarretará na perda de sua saturação.
 O amarelo, por exemplo pode ter a luminosidade do violeta, mas para isso, terá que ser misturado ao preto e perderá sua saturação bem como suas principais características e sua força. O amarelo ficará sujo.

No Photoshop você pode brincar com essas características no menu Hue, Saturation, Value.